MEMBROS HONORÁRIOS
HOMENAGEM DA ACCiRN AOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PASSADO
Os Primeiros Indicados Como Membros-Honorários da ACCiRN
Os Primeiros Indicados Como Membros-Honorários da ACCiRN
Natal, 14 de abril de 2018.
A ACCiRN em reunião de Diretoria e Conselho Fiscal realizada em 03 de fevereiro de 2018 decidiu fazer uma homenagem aos antigos críticos de cinema do Rio Grande do Norte, criando a figura de membro-honorário no seu quadro de associados.
Estes foram selecionados, e a partir de agora serão escolhidos anualmente, e serão anunciados publicamente como uma ação objetiva de recuperação histórica desses precursores da crítica cinematográfica. Tem o proposito também de valorizar uma atividade que desde o seu princípio foi quase sempre essencialmente amadorística, se não desconhecida, já que muitos que escreviam e escreveram por muito tempo sobre cinema neste estado o faziam sob o manto do anonimato.
É importante para o conhecimento de todos, não só dos membros da ACCiRN e de outros críticos de cinema e cinéfilos em geral apresentar um breve relato sobre a história da crítica de cinema no Rio Grande do Norte e da própria história do cinema em Natal e no interior do Rio Grande do Norte.
A chegada do cinema no Rio Grande do Norte, especificamente em Natal, foi relativamente rápida, com as primeiras exibições de filmes ocorrendo na noite de 16 de abril de 1898, ou seja, menos de três anos da estreia do cinema em Paris, ocorrida em dezembro de 1895.
Desde a primeira exibição de cinema em Natal já existiam notícias e comentários sobre cinema, filmes e personagens nos jornais da época (jornal A República), mas sempre sem responsável e/ou assinatura – os anônimos foram os primeiros críticos de cinema em Natal.
O jornal A República foi um dos primeiros a manter uma coluna dedicada ao cinema. Em 1911, com a inauguração do cinema “Polytheama”, na Ribeira, que foi o primeiro espaço físico dedicado exclusivamente à exibição de filmes, aparece a coluna “Palcos e Salões” que noticia também sobre cinema. Na década de 1920 a coluna passa a chamar-se “Palcos e Telas”, sempre sem um responsável nominado. Continuávamos, portanto com a prática do anonimato para aqueles que escreviam e noticiavam sobre cinema.
Na década de 1930, ainda no jornal A República, é criada uma pequena coluna intitulada, simplesmente, “Cinema”. Esta é sucedida na década de 1940 pela coluna “Cinema – Crítica Cinematográfica”, a primeira a ser assinada, em 1948, por Lívio Dantas (jornal A República, ano LIX, no. 98, sábado, 1º. de maio, acompanhando a volta à circulação do jornal, interrompida no ano anterior). Ainda no mesmo jornal A República, em 23 de maio de 1948, começam a aparecer notícias e críticas de Nelita Abreu Rocha, correspondente do jornal em Hollywood.
Não foi só o jornal A República que dava notícias e informações sobre cinema de forma regular. Um ano antes, em 1947, o jornal Diário de Natal dava início à coluna “Cinematografia”, assinada por Lew View e ainda publicava mais notícias e informações variadas no seu suplemento cultural dos fins de semana.
Em se chegando à “modernidade” e aos tempos mais próximos há um divisor de águas representado por Sebastião Carvalho que trabalhou em termos jornalísticos no fim da década de 1940, adentrando vários anos na década de 1950. Em 1955, Valério de Andrade, sócio fundador da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro e da própria ACCiRN (em fins de 2017), inicia a publicação de críticas cinematográficas no jornal Tribuna do Norte. Valério também publicou, em 1957, o 1º. e único número do jornal O Cinema.
Arnóbio Fernandes, em 1956, no jornal A República, assume a área de cinema com a coluna “Falando de Cinema”. Em 1957, Berilo Wanderley assume a coluna “Revista da Cidade” no jornal Tribuna do Norte, onde são publicadas críticas sobre os filmes em exibição na cidade. Com o afastamento de Berilo para trabalho na Espanha, assumem a coluna Paulo de Tarso e Moacy Cirne, trocando nome da coluna para “O Mundo & Nós”. Moacy foi o responsável principal pelas críticas cinematográficas, onde permaneceu por boa parte dos anos da década de 1960, trabalhando também em parceria com o Cineclube Tirol.
No início dos anos 1960, com a formação do Cineclube Tirol intensificou-se a orientação crítica. Dois jornais competiam entre si fazendo cotações de filmes e críticas cinematográficas dos filmes exibidos na cidade. O jornal Tribuna do Norte trabalhava com a colaboração do pessoal agregado ao Cineclube Tirol, incluindo Moacy. O jornal Correio do Povo ao criar o seu “Conselho de Críticos” fazia o contraponto às outras escolhas. Destacaram-se ainda ao fazer comentários e críticas sobre filmes no fim dos anos 1950 e por toda a década de 1960: Alvamar Furtado, Benê Chaves, Francisco Sobreira, José Bezerra Marinho, João de Souza, Juliano Siqueira, Dailor Varela, Franklin Capistrano, Fernando Pimenta, João Charlier Fernandes.
Nos anos 1970 e 1980 devem ser lembrados Osório Almeida, Anchieta Fernandes, Falves Silva, Horácio Paiva, Luis Carlos Guimarães, Paulo Rocha, Laércio Marinho de Figueiredo. No fim da década de 1990 e a partir dos anos 2000, tanto o jornal Diário de Natal quanto o jornal Tribuna do Norte incluíam críticas cinematográficas em colunas semanais que foram mudando de nome e de autores. O jornal O Jornal de Hoje criou a sua coluna em 2005, permanecendo até 2011. Hoje, apenas o jornal Tribuna do Norte continua existindo e mesmo assim, sem coluna fixa para comentários e críticas de filmes exibidos na cidade.
Como comentário final gostaria de destacar a dificuldade existente em nossa cidade e em nosso estado como um todo para o trabalho de recuperação de informações históricas: o jornal A República (no acervo do Arquivo Público Estadual), está em péssimas condições de armazenamento, se deteriorando muito rapidamente, sem nenhum serviço de auxílio reprográfico ou fotográfico; o jornal Diário de Natal, fechado há alguns poucos anos, tem parte do acervo na Biblioteca Nacional (anos iniciais, digitalizado) e na Biblioteca Central Zila Mamede/UFRN (parte digitalizada, mas só anos mais recentes) e no Museu Câmara Cascudo/UFRN (a maior parte do acervo ainda encaixotada, sem acesso, portanto).
Quanto a fontes bibliográficas sobre cinema e crítica cinematográfica no Rio Grande do Norte, são poucas e raras, nem sempre sendo fácil encontrá-las. Em ordem cronológica, destacamos:
Com as informações que obtivemos e tendo como critério fundamental de escolha homenagear apenas antigos críticos já falecidos, foram selecionados para esta primeira escolha os nomes dos críticos e cinéfilos Lívio Dantas, Nelita Abreu Rocha, que escreveram no jornal A República, Lew View, com escritos no jornal Diário de Natal, Sebastião Carvalho, com contribuição em vários jornais (Tribuna do Norte, Diário de Natal, e outros órgãos informativos e jornalísticos), Berilo Wanderley e Moacy Cirne, ambos no jornal Tribuna do Norte. Eles tiveram seus nomes anunciados publicamente no 3o. Encontro de Cinéfilos de Natal, acontecido no dia 04 de março de 2018, e terão ainda os seus nomes inscritos como membros-honorários da ACCiRN e seus familiares receberão um diploma de Membro-Honorário (in memorian).
Nelson Marques
Vice-Presidente da ACCiRN e Presidente do Cineclube Natal
e-mail: [email protected]
Estes foram selecionados, e a partir de agora serão escolhidos anualmente, e serão anunciados publicamente como uma ação objetiva de recuperação histórica desses precursores da crítica cinematográfica. Tem o proposito também de valorizar uma atividade que desde o seu princípio foi quase sempre essencialmente amadorística, se não desconhecida, já que muitos que escreviam e escreveram por muito tempo sobre cinema neste estado o faziam sob o manto do anonimato.
É importante para o conhecimento de todos, não só dos membros da ACCiRN e de outros críticos de cinema e cinéfilos em geral apresentar um breve relato sobre a história da crítica de cinema no Rio Grande do Norte e da própria história do cinema em Natal e no interior do Rio Grande do Norte.
A chegada do cinema no Rio Grande do Norte, especificamente em Natal, foi relativamente rápida, com as primeiras exibições de filmes ocorrendo na noite de 16 de abril de 1898, ou seja, menos de três anos da estreia do cinema em Paris, ocorrida em dezembro de 1895.
Desde a primeira exibição de cinema em Natal já existiam notícias e comentários sobre cinema, filmes e personagens nos jornais da época (jornal A República), mas sempre sem responsável e/ou assinatura – os anônimos foram os primeiros críticos de cinema em Natal.
O jornal A República foi um dos primeiros a manter uma coluna dedicada ao cinema. Em 1911, com a inauguração do cinema “Polytheama”, na Ribeira, que foi o primeiro espaço físico dedicado exclusivamente à exibição de filmes, aparece a coluna “Palcos e Salões” que noticia também sobre cinema. Na década de 1920 a coluna passa a chamar-se “Palcos e Telas”, sempre sem um responsável nominado. Continuávamos, portanto com a prática do anonimato para aqueles que escreviam e noticiavam sobre cinema.
Na década de 1930, ainda no jornal A República, é criada uma pequena coluna intitulada, simplesmente, “Cinema”. Esta é sucedida na década de 1940 pela coluna “Cinema – Crítica Cinematográfica”, a primeira a ser assinada, em 1948, por Lívio Dantas (jornal A República, ano LIX, no. 98, sábado, 1º. de maio, acompanhando a volta à circulação do jornal, interrompida no ano anterior). Ainda no mesmo jornal A República, em 23 de maio de 1948, começam a aparecer notícias e críticas de Nelita Abreu Rocha, correspondente do jornal em Hollywood.
Não foi só o jornal A República que dava notícias e informações sobre cinema de forma regular. Um ano antes, em 1947, o jornal Diário de Natal dava início à coluna “Cinematografia”, assinada por Lew View e ainda publicava mais notícias e informações variadas no seu suplemento cultural dos fins de semana.
Em se chegando à “modernidade” e aos tempos mais próximos há um divisor de águas representado por Sebastião Carvalho que trabalhou em termos jornalísticos no fim da década de 1940, adentrando vários anos na década de 1950. Em 1955, Valério de Andrade, sócio fundador da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro e da própria ACCiRN (em fins de 2017), inicia a publicação de críticas cinematográficas no jornal Tribuna do Norte. Valério também publicou, em 1957, o 1º. e único número do jornal O Cinema.
Arnóbio Fernandes, em 1956, no jornal A República, assume a área de cinema com a coluna “Falando de Cinema”. Em 1957, Berilo Wanderley assume a coluna “Revista da Cidade” no jornal Tribuna do Norte, onde são publicadas críticas sobre os filmes em exibição na cidade. Com o afastamento de Berilo para trabalho na Espanha, assumem a coluna Paulo de Tarso e Moacy Cirne, trocando nome da coluna para “O Mundo & Nós”. Moacy foi o responsável principal pelas críticas cinematográficas, onde permaneceu por boa parte dos anos da década de 1960, trabalhando também em parceria com o Cineclube Tirol.
No início dos anos 1960, com a formação do Cineclube Tirol intensificou-se a orientação crítica. Dois jornais competiam entre si fazendo cotações de filmes e críticas cinematográficas dos filmes exibidos na cidade. O jornal Tribuna do Norte trabalhava com a colaboração do pessoal agregado ao Cineclube Tirol, incluindo Moacy. O jornal Correio do Povo ao criar o seu “Conselho de Críticos” fazia o contraponto às outras escolhas. Destacaram-se ainda ao fazer comentários e críticas sobre filmes no fim dos anos 1950 e por toda a década de 1960: Alvamar Furtado, Benê Chaves, Francisco Sobreira, José Bezerra Marinho, João de Souza, Juliano Siqueira, Dailor Varela, Franklin Capistrano, Fernando Pimenta, João Charlier Fernandes.
Nos anos 1970 e 1980 devem ser lembrados Osório Almeida, Anchieta Fernandes, Falves Silva, Horácio Paiva, Luis Carlos Guimarães, Paulo Rocha, Laércio Marinho de Figueiredo. No fim da década de 1990 e a partir dos anos 2000, tanto o jornal Diário de Natal quanto o jornal Tribuna do Norte incluíam críticas cinematográficas em colunas semanais que foram mudando de nome e de autores. O jornal O Jornal de Hoje criou a sua coluna em 2005, permanecendo até 2011. Hoje, apenas o jornal Tribuna do Norte continua existindo e mesmo assim, sem coluna fixa para comentários e críticas de filmes exibidos na cidade.
Como comentário final gostaria de destacar a dificuldade existente em nossa cidade e em nosso estado como um todo para o trabalho de recuperação de informações históricas: o jornal A República (no acervo do Arquivo Público Estadual), está em péssimas condições de armazenamento, se deteriorando muito rapidamente, sem nenhum serviço de auxílio reprográfico ou fotográfico; o jornal Diário de Natal, fechado há alguns poucos anos, tem parte do acervo na Biblioteca Nacional (anos iniciais, digitalizado) e na Biblioteca Central Zila Mamede/UFRN (parte digitalizada, mas só anos mais recentes) e no Museu Câmara Cascudo/UFRN (a maior parte do acervo ainda encaixotada, sem acesso, portanto).
Quanto a fontes bibliográficas sobre cinema e crítica cinematográfica no Rio Grande do Norte, são poucas e raras, nem sempre sendo fácil encontrá-las. Em ordem cronológica, destacamos:
- Jazz, Cinema e Educação, Alvamar Furtado de Mendonça, 1961, Imprensa Oficial, Coleção Henrique Castriciano (ensaios).
- História da Arte das Imagens, Laércio Marinho de Figueiredo, 1982, Monografia, vol. 72 da Coleção Textos Acadêmicos, UFRN.
- Écran Natalense, Capítulos da história do cinema em Natal, Anchieta Fernandes, 1992, Edição Sebo Vermelho e Sebo Transa (Cata Livros), 98 p.
- Écran Natalense, Capítulos da história do cinema em Natal, Anchieta Fernandes, 2007, Sebo Vermelho Edições, 252 p.
- “Panorama da Crítica Cinematográfica no Jornalismo Impresso no Rio Grande do Norte”, Elidiane Poquiviqui do Nascimento e Maria do Socorro Furtado Veloso. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste, Recife, PE, 14 a 16/06/2012, 15 p.
Com as informações que obtivemos e tendo como critério fundamental de escolha homenagear apenas antigos críticos já falecidos, foram selecionados para esta primeira escolha os nomes dos críticos e cinéfilos Lívio Dantas, Nelita Abreu Rocha, que escreveram no jornal A República, Lew View, com escritos no jornal Diário de Natal, Sebastião Carvalho, com contribuição em vários jornais (Tribuna do Norte, Diário de Natal, e outros órgãos informativos e jornalísticos), Berilo Wanderley e Moacy Cirne, ambos no jornal Tribuna do Norte. Eles tiveram seus nomes anunciados publicamente no 3o. Encontro de Cinéfilos de Natal, acontecido no dia 04 de março de 2018, e terão ainda os seus nomes inscritos como membros-honorários da ACCiRN e seus familiares receberão um diploma de Membro-Honorário (in memorian).
Nelson Marques
Vice-Presidente da ACCiRN e Presidente do Cineclube Natal
e-mail: [email protected]