por Fernando Lunardello Pude participar do júri da Mostra Poti da 5ª edição do Cine Verão, com curtas INCRÍVEIS feitos aqui na terrinha. Brinquei que Sidarta Ribeiro fala sempre que “no Brasil, a gente faz ciência de teimoso”, imagina cinema... cultura! Algo que muitas pessoas acham supérfluo, mas que é essencial para o bem-estar.
Melhor Curta da Mostra Poti para o júri da ACCIRN foi o MOVENTES, do Jefferson Cabral. Uma obra simples e, ao mesmo tempo, complexa. MOVENTES toca em pontos muito queridos de nós, nordestinos. Tão intensos quanto a seca ou o preconceito que vivemos. A luz mostrando os retirantes, nordestinos que foram para grandes centros, e os que ficavam (esposas, avós, filhos,...) é incrivelmente sensível e poética. Com uma fotografia incrível do Johann Jean, o filme nos faz viver um pouquinho da batalha de sempre do nordestino – aquela por uma vida melhor. Menção Honrosa da Mostra Poti foi para LIA ESTÁ SOZINHA EM CASA, um curta cheio de twists e coração. A discussão de luto, saudade e das presenças que ocasionalmente sentimos se torna um deleite sob a produção de Sihan Felix e direção de Paula Pardillos. Agora, quero falar sobre duas obras que só crescem e ganham meu coração cada vez que assisto. Assim que BUCHO DE PEIXE acabou eu pensei muito em FOME e SINA de Márcio Benjamin, e fiquei atônito ao ver que ele era o roteirista. Uma obra de fotografia (Julio Schwantz) deliciosa e soturna que nos mostra como o horror pode ser usado para contar as histórias mais divertidas, ou trágicas. Direção de Johann Jean e Produção de Babi Baracho, o filme vem certeiro naquele frio no estômago e desconforto a lá A24. E aí vem SINAIS VERMELHOS. O documentário é PODEROSÍSSIMO. Uma carta de protesto no formato de Vânia Maria. Artista performática e uma deusa de emoções, olhares e profundidade, mergulhamos na poesia complexa, dolorida e extremamente relevante da existência, do preconceito e da cura através da arte. BRILHANTE.
0 Comments
|
HistóricoCategorias |