por Marcela Freire
Além de ser dono de um cenário paradisíaco, o município de Baía Formosa também é palco de um evento muito especial para os produtores de audiovisual do Rio Grande do Norte: o FINC - Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa. E não é somente a paisagem do local que torna o FINC tão empolgante, mas, sobretudo, o envolvimento do Festival com a cidade e sua preocupação em incentivar a produção e desenvolvimento do cinema no estado. O FINC tem o Concurso de Filmes de 1 minuto, que premia os realizadores dos melhores curtas de 60 segundos, e dá ao primeiro colocado uma viagem à Polônia, onde o ganhador tem seu filme exibido no Festival Netia OFF CAMERA, um dos maiores festivais de cinema independente da Europa. Os trabalhos dos alunos do IFRN - O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, são avaliados separadamente e também premiados. O que ajuda a impulsionar os jovens a produzir e se capacitar na área do cinematográfica. O FINC faz a exibição de filmes ao ar livre, em praça pública, com entrada gratuita, de modo que qualquer pessoa pode sentar e assistir à mostra. Uma bela forma de difundir audiovisual: dando um espaço para ver filmes, principalmente em uma cidade onde não há salas de cinema. Na sua oitava edição, em 2017, o FINC abriu espaço para a recém-criada ACCiRN participar do evento, colaborando na escolha do vencedor de Melhor Filme Potiguar, categoria na qual os realizadores podiam inscrever curtas de maior duração e de tema livre. Os filmes que concorriam eram bastante heterogêneos, e incluíam trabalhos de profissionais experientes ao lado de obras estudantis. Alguns contavam com atores principiantes ou amadores e os gêneros eram diversos, entre eles documentário, suspense e drama. Lado A, Lado B de Johnnatan Fernandes foi produzido por alunos do IFRN de Mossoró e mostra as armadilhas dos apps de namoro e redes sociais para os adolescentes em uma narrativa clássica. Limbo (ou de quem sofre bullying) de Sihan Felix também aborda um aspecto do cotidiano de alguns jovens, mas utilizando fotografia em preto e branco, trilha sonora arrepiante e roteiro com ares de terror para falar sobre o assunto usando metáforas. O único filme dirigido por uma mulher foi A Pena de Nathani Freitas, que incorpora o lirismo em sua história através da combinação de imagem, poesia e música clássica. Respire de Kaiony Venâncio explora as sensações por meio dos sons e imagens da natureza. Venâncio também dirigiu outro curta concorrente, Sebastiana, um drama sobre pai e filha que fogem da seca e dificuldades no sertão. Outros curtas escolheram um caminho mais documental. Alecrim de Saul de Andrade Souza faz um apanhado de dois minutos sobre bairro natalense utilizando apenas recortes de detalhes do local. Athayde de Paulo Jorge Dumaresq é, por sua vez, um documentário mais complexo sobre a vida do ator norte-rio-grandense Fernando Athayde, que teve uma carreira bem sucedida no teatro nacional. Com depoimentos de amigos e familiares, Athayde faz um merecido registro de uma figura importante na história do estado que poucos potiguares conhecem. Houve homenagem também em O Baobá e seu Poeta de Walton Schiavon, que mistura fantasia e realidade ao contar a história da única árvore de Baobá em Natal. O curta destaca o papel de Diógenes da Cunha Lima na preservação do monumental Baobá de forma inventiva, transformando a árvore em uma mulher e deixando que ela mesma narre sua biografia fantástica. Finalmente, o filme vencedor, O Prato Principal de Emerson Moraes da Silva, é um suspense que gera tensão graças, principalmente, aos seus diálogos e à competência de seus atores. O roteiro é simples e eficaz, e o curta é bem sucedido em alcançar o objetivo de causar curiosidade e suspense. De modo geral, os filmes potiguares refletiram a situação do audiovisual no estado. Algumas produções amadoras, muita vontade de filmar e pouco desenvolvimento do roteiro, limitações técnicas por falta de equipamento, verba ou tempo. Em resumo, um cinema que tem vontade de aparecer, mas que ainda engatinha em vários aspectos. A ACCiRN pode contribuir na construção e profissionalização do cinema norte-rio-grandense ao dar visibilidade às produções e colaborar na sua divulgação no site da Associação e em veículos parceiros, bem como ajudar da mesma forma na consolidação de mostras locais.
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August 2020
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